ENTRE LINHAS E LIBERDADE: UMA ETNOGRAFIA DA OFICINA DE LEITURA NO PRESÍDIO ALVORADA
Resumo
Na disciplina de Metodologia Qualitativa II, o foco foi direcionado para aprofundar a compreensão sobre a pesquisa de campo e a elaboração de textos etnográficos. Ao longo do curso, adotamos algumas abordagens, entre elas a observação participante, visando obter informações enriquecidas e privilegiadas para nossas pesquisas. A disciplina abrange uma ampla exploração dos aspectos éticos, políticos, sociais, afetivos e étnicos presentes nas pesquisas de campo, proporcionando uma visão holística das interações sociais.
Alicerçados em bibliografias fundamentais para o entendimento aprofundado das complexidades das relações interpessoais na sociedade, os participantes desta disciplina se debruçam sobre teorias que lançam luz sobre as dinâmicas sociais em seu contexto mais amplo. Munidos desse conhecimento, partimos para uma experiência prática por meio de uma visita técnica ao Presídio Alvorada.
Nossa atenção se voltou para a oficina de leitura e escrita, componente vital do projeto de extensão "BIBLIOTECA ITINERANTE VOZES DO CÁRCERE", integrado ao projeto de remição pela leitura. A oficina é ministrada pela Professora Doutora Daniela Imaculada Pereira Costa Ramos, docente do curso de Letras Espanhol da Unimontes, cuja dedicação é um elo essencial na ponte entre a educação e a ressocialização.
A metodologia adotada para esta etnografia baseia-se nas técnicas de pesquisa minuciosamente estudadas durante o curso, permitindo-nos uma imersão mais profunda na realidade do presídio. Este trabalho busca não apenas compreender a dinâmica da oficina, mas também explorar as nuances das relações humanas e dos desafios enfrentados pelos participantes do projeto de remição pela leitura. Ao fazê-lo, almejamos lançar luz sobre os potenciais transformadores da educação no contexto penitenciário, bem como os desafios e oportunidades que surgem nesse ambiente singular.
Na jornada de busca pelo conhecimento, os pesquisadores que adotam uma abordagem qualitativa se destacam por sua recusa em reduzir as vastas páginas de narrativas e outros dados a simples símbolos numéricos (BOGDAN, 1994). Diferentemente dos métodos quantitativos, nos quais a ênfase recai na mensuração e quantificação, a pesquisa qualitativa abraça a complexidade das experiências humanas. Assim, nas palavras de Bogdan (1994, p. 48), o que se pretende com esse último tipo de perspectiva é “analisar os dados em toda a sua riqueza, respeitando, tanto quanto o possível, a forma em que estes foram registrados ou transcritos”.
A singularidade dessa abordagem reside na análise dos dados "em toda a sua essência". Isso significa que, em vez de simplificar as experiências para números, os pesquisadores qualitativos buscam entender as nuances, os contextos e os detalhes presentes nas narrativas e observações. Cada página repleta de informações é tratada como um tesouro de significado, exigindo uma análise cuidadosa e profunda.