OS SENTIMENTOS POR TRÁS DO MUNDO DA LEITURA: ETNOGRAFIA NA OFICINA DE LEITURA DO PRESÍDIO ALVORADA

Autores

  • Ana Cristina da Silva Martins
  • Cláudia Luz de Oliveira

Resumo

Cabe ao cientista social obter resultados orais por meio de entrevistas e construir histórias de vidas elaborando documentos informantes que não necessariamente tenham uma projeção da vida pública mas sim algo que reconheça a participação do mesmo na história. O curso em questão, de Ciências Sociais, e em específico, a disciplina Metodologia Qualitativa II, visa discutir a pesquisa de campo e a escrita etnográfica.

Ainda em relação à etnografia é preciso frisar a observação participante, pois é uma técnica fundamental para aquela. Em consonância com isso, o curso de Ciências Sociais visam trabalhar os conceitos e métodos de etnografia, como o trabalho de campo e da escrita etnográfica.  Apoiados nas ideias de Brandão (2007), os primeiros passos devem ser chegar no local de pesquisa absorver todas as informações congruentes que serão posteriormente questionadas, ademais é preciso conviver com o povo da região estudada e adentrar em seus costumes, para que o trabalho não pareça algo invasivo. Posteriormente a essas ações, pode-se levantar questionamentos e introduzir perguntas.

O curso Ciências Sociais também explora os aspectos étnicos, éticos, políticos e afetivos presentes nas relações de pesquisa. A partir disso realizamos uma visita técnica ao Presídio Alvorada, para observar uma ação de leitura e escrita de relatórios no âmbito de um projeto de extensão da Unimontes, denominado de BIBLIOTECA ITINERANTE VOZES  DO CÁRCERE - INTEGRADO AO PROJETO REMIÇÃO PELA LEITURA. Essa atividade foi ministrada pela professora Daniela Imaculada Pereira Costa Ramos, que também é a coordenadora do projeto.

Quanto à metodologia, utilizamos duas técnicas de pesquisa discutidas durante o curso. A primeira é a pesquisa de campo. O trabalho de campo deve ser pautado sim de um roteiro, mas nada impede o pesquisador de a partir de um olhar sensível entrar em questões mais subjetivas, podendo até, ao invés de analisar seus estudos em casa, ouvir, por exemplo, um áudio do próprio ambiente no que foram coletadas as conversas assim, usando de um exemplo, o autor diz: [...] Eu tenho um costume diferente. Quer dizer, embora eu vá escrever lá depois, eu trabalho meu material no campo mesmo, minhas fitas gravadas eu ouço lá mesmo [...] (BRANDÃO, 2007, p. 11-27).  Neste trabalho em questão fizemos algumas perguntas ao final do encontro que nos permitiram mapear o pensamento das entrevistadas.

A segunda técnica que aplicamos foi a observação participante. Essa metodologia é considerada fundamental na Antropologia, pois permite ao pesquisador obter uma compreensão profunda da cultura e do comportamento de um grupo. Ao participar da vida cotidiana do grupo, o pesquisador é capaz de ver o mundo da perspectiva dos membros do grupo e entender suas crenças, valores e práticas.

 

Eu costumo, para o meu gasto, dizer o seguinte: que numa pesquisa existe um trabalho de observação sistemática. Chegar num lugar e observar organizadamente, fazendo croquis, aquilo que está acontecendo, um acontecimento, ou, então, uma estrutura de relações. Pedir material a respeito, se eu for numa escola, não só observar as relações entre as diferentes pessoas, funcionários, diretoras, professores, alunos, pais e assim por diante, mas, também, pegar material, o estatuto da escola ou algum regimento que diga porque tem de ser assim e não de outra maneira. (BRANDÃO, 2007, p. 11-27)

 

Assim, o objetivo da observação participante é obter uma compreensão profunda da cultura e do comportamento de um grupo ou comunidade. O pesquisador passa um período prolongado de tempo vivendo e interagindo com os membros do grupo, observando suas atividades cotidianas e participando de suas conversas e eventos. Após uma breve reflexão sobre a metodologia empregada por nós, a seguir trataremos de descrever as ações observadas.

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Publicado

11-07-2024

Edição

Seção

Relatos de Experiência